quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Quotidiano

Saída de casa por volta das 9h da matina. Sr. Tobias, o motorista, já à espera, para cumprir com a sua missão de me transportar e a um colega até à universidade. Entramos na viatura de volante à direita e já Januário, o porteiro, abre os portões, como faz sentido, dada a sua profissão. Carro em andamento, Januário retira-se para o lado e atiramos-lhe uns sorrisos e acenos.
Sr. Tobias quase a bater deliberadamente numa moto que passa no momento e ar retido nos pulmões dos transportados "ele viu que eu estava a sair do portão e, mesmo assim, não parou". Afinal, nem tudo faz sentido nesta terra.
A meio do dia, almoço num restaurante self-service perto da universidade, seguido de passeio no parque junto à marginal. As sombras e o ar do mar tornam o ambiente mais fresco, embora esta não seja a época mais quente do ano. Olho para cima e... um macaco diverte-se nos ramos de uma árvore... e mais outro... e outro ainda.
Continuo a caminhada lentamente e, muito lá à frente, ao passar em frente às bancas de venda de frutas e legumes, inverto o sentido da marcha. De repente oiço: "Senhora Inês!" e penso "estou a alucinar". E de novo "Senhora Inês!". Páro e olho. Está uma criança sentada numa mesa, a olhar sorridente para mim. Retribuo e pergunto-lhe com ar altamente surpreendido: "como é que sabes o meu nome?". E pergunto-me como é possível aquela gente já me conhecer. De trás de uma bancada surge, então, uma mulher, também cheia de sorrisos e reconheço-a. Já lhe tinha comprado fruta e disse-lhe o meu nome. Isto foi na semana passada ou, se calhar, na anterior. Nota do meu colega, professor de 60 e tal anos: "não se esqueça que o tétum era uma língua só de oralidade, portanto eles têm mais facilidade em decorar o que ouvem do que nós, que decoramos através da escrita". Nota minha: logo regresso para lhe comprar fruta. CRM do mais bem feito.
Regresso ao centro, já a precisar de descansar um pouco. Após repousar sentada à secretária, dirijo-me ao consulado para fazer o meu registo e, de seguida, rumo ao banco, logo ao lado. Um dos empregados tinha-me dito para passar lá às 3h da tarde, pois teria o meu cartão multibanco pronto a levantar. Aqui estas coisas não vão por correio. São um quarto para as 3h e resolvo esperar. Aos 5min para a hora, decido que é melhor regressar no dia seguinte, até porque duvido que se cumpra a palavra. Saio e, após dar alguns passos, oiço de novo nas minhas costas: "Senhora, senhora" e penso que não deve ser para mim. Continua o chamamento e viro-me. É o empregado que se dirige, precisamente às 3h da tarde para o balcão do banco, tal como tinha dito, para me entregar o cartão.
Volto a sair do banco e tento atravessar a estrada na passadeira. Lanço-me quando vejo um carro da UN, ingenuamente na esperança de, sendo um estrangeiro, que pare na passadeira. Passa a abrir e confirma o que penso de muita desta malta que vem trabalhar para estes países: são uns selvagens...

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