Nunca voltes aos lugares onde foste feliz. Concordo.
Estou por aqui a queimar os últimos cartuchos e a pensar que
nada disto se vai repetir. Mesmo que aqui volte algum dia, o quarto não será o
mesmo, as pessoas não serão as mesmas, nem as rotinas.
A verdade é que também não tenho vontade de voltar. Não
gosto de regressos ao passado e os anos trouxeram-me a noção clara de que a
vida é muito curta para repetições. Não gosto de sentir saudades nem nostalgia.
É preciso viver o presente, mesmo as coisas mais banais,
porque a vida é agora.
Então não me digam está quase. Cada coisa a seu tempo. Agora
estou nesta e depois logo viverei outra. Já caí nesse erro antes. Deixem-me
olhar bem para todas as coisas que pendurei na parede, para as tomadas bem
branquinhas, limpas por mim, para os livros em cima da secretária, ouvir o som
do ar condicionado e sentir a presença da D. Amélia na cozinha.
Daqui por uns meses, tudo isto será passado e sei que não
terei vontade de aqui voltar, porque isto eu já vivi. Depois, quero algo novo, o amanhã.
O hoje e o amanhã
A semente nasce
Despe a casca
Cede a nova vida
A antiga é deixada
O hoje passa
Encontra o amanhã
O amanhã veste as asas
Deixa o hoje
O brilho das estrelas
Alumia a escuridão
A noite se dispersa
Brota o novo dia
A tristeza desvia-se
Sucede-se a felicidade
A tristeza será narrada
No espelho da alegria
Nuno Esménio Soares
(timorense, professor de Português e meu colega)
Invictus
(última estrofe)
It matters
not how strait the gate,
How charged
with punishments the scroll
I am the
master of my fate:
I am the
captain of my soul.
William Ernest Henley
(inglês, 1849–1903)
as tomadas bem branquinhas... :) eu acho que às vezes se podem repetir experiências.. se gostámos, porque não? Se for como na minha terrinha do Algarve, até fica tudo igual de uns anos para os outros :) Tens uns colegas grandes poetas ;) bjs
ResponderEliminarA minha terra, os meus amigos e a minha família são o meu presente. São aqueles que me acompanham, mesmo quando estou longe. :)
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